Troca de mensagens obtidas pela PF mostram a abordagem a possíveis clientes; veja os diálogos na íntegra
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| Foto: divulgação/Polícia Federal |
As conversas entre a família da falsa enfermeira que aplicava o que afirmava ser vacina contra Covid-19 em Minas Gerais, obtidas pela Polícia Federal por meio de quebra de sigilo, mostra como o grupo operava no esquema.
Os diálogos, captados entre 11 de fevereiro e 25 de março, mostram a abordagem a possíveis clientes, o início de negociação de uma venda que poderia render R$ 600 mil e até uma bronca dada pelo banco, onde os recursos conseguidos entravam, sobre a origem do dinheiro.
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, que teve acesso ao material obtido pela PF, as mensagens são entre a suspeita, Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas, seu filho, Igor Torres de Freitas, sua filha, Daniviele Torres, e o marido de Claudia, Ricardo Carvalho de Almeida.
Cláudia e Igor, até o momento, são os únicos indiciados, enquadrados por associação criminosa e falsificação.
O diálogo obtido ocorreu até o dia 25 de março, data em que a falsa enfermeira, que na verdade trabalha como cuidadora de idosos, esteve na garagem de uma das empresas do grupo de transportes Saritur, em Belo Horizonte.
No local houve a suposta vacinação de pelo menos 57 pessoas, entre empresários e parentes, conforme lista apreendida pela PF no local. O caso foi revelado pela revista Piauí. Uma denúncia de vizinhos levou a Polícia Militar à garagem.
Veja na íntegra as conversas:
11.fev
Igor: “Boa noite, tudo bem? Vim mandar uma mensagem para você aqui, mas como lado profissional. É… a minha mãe é enfermeira. É assim. Nem todos vamos ser vacinados com a vacina da Covid e a gente tá disponibilizando a vacina através de um valor. Porque a gente trabalha, ela trabalha na empresa Vacinando. Se você pesquisar sobre a empresa existe, é real, tá? E nós estamos com a vacina do Covid. Se caso você tiver interesse e alguém tiver interesse que você conheça, favor mande entrar em contato comigo. Muito obrigado. Boa noite”.
Fábio: “Opa. Tá bom. Eu falo sim. Qual a empresa? Não sabia que ia vender. Bacana”.
8.mar
Cláudia: “João quer fechar comigo uma grande quantidade de vacina”. Ele quer fechar 500, mil… entendeu? A gente tá falando de, de dinheiro, de 300 mil, 600 mil reais. Ele quer conversar comigo hoje. Quero ver com ele”.
Ricardo: “para isso vai precisar de movimentação de escritório. Eu acabei de receber um convite, já mandei pro cara o meu currículo, na Raja Gabaglia, para trabalhar num escritório de engenharia. Estão se vocês fecharem e forem montar um escritório para isso, porque eu sei que a rotatividade vai ser cabulosa, a área operacional, se vocês quiserem eu não assumo lá em cima, entendeu? Se os caras me chamarem. Mas aí vou deixar você conversar com ele primeiro. Beijinho”.
8.mar
Cláudia: “Ricardo, eu não posso ficar, eu não… dá um tempinho pra mim. Deixa eu parar um pouco porque eu não tenho condição de ficar vacinando e olhando as mensagens que você tá mandando com foto de carro não. O povo é muito chato”.
20.mar
Igor: “Pelo amor de Deus. Não fica saindo… o Covid tá pegando todos”.
Cláudia: “Hoje só vou resolver o curso”.
Cláudia: “Eu sei. Pode não parecer, mas eu me cuido”.
23.mar, dia em que a falsa enfermeira foi à garagem do bairro Caiçara
Igor para Cláudia: “Deixa eu te falar. A mulher falou que tá entrando muito dinheiro na minha conta do Santander. E me perguntou um monte de coisa. Falou que se eu não falasse como eu tava ganhando dinheiro o banco ia encerrar a minha conta. Ia perder o dinheiro. Porque é muito dinheiro. É suspeita de lavagem de dinheiro. Então você toma cuidado”.
Igor: “Eu falei com ela aqui. Disse que não vai acontecer nada com a minha conta não. Falei, beleza. Eu só trabalho de enfermagem. Mais nada. Ela falou:ok”.
Não há respostas de Cláudia
23.mar, à noite
Igor: “mãe, kd vc”
Cláudia: “Indo para casa”.
Igor: “deu mole, ein”
Cláudia: “chamaram a polícia, mas o cara despistou e a gente saiu”.
25.mar
Ricardo: “Sua mãe vai ter que cortar o cabelo e pintar”.
Danievele: “Gente, o problema não é esse. E sim as pessoas que conhecem ela reconhecerem ela”.
Ricardo: “Todo mundo acha que é de comida”.
Ricardo: “Covid”.
Danievele: “O advogado falou para minha mãe ficar despreocupada. Que não vai dar nada para ela”.
Ricardo: “preocupado com sua mãe”.
Bahia.ba


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